quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Natal (sem o Menino)






Menino Jesus, não venhas,

Não nasças neste Natal!
São constantes as ameaças
Violência em espiral.

O mundo não está seguro
Há Judas em todo o lado,
Nada de bom Te auguro
Teu caminho está minado.

Herodes com a soldadesca
Por toda a Terra de Deus,
Tréguas não Te darão
Fica-Te, pois, lá nos Céus.

Há muitos Pôncios Pilatos
Nas escadas do Poder,
Não medindo os seus actos
Fazem os povos sofrer.

Em muitos lados há luzes
Mostrando alguma alegria,
Mas não disfarçam as cruzes
Que carregamos no dia-a-dia.

Menino Jesus, não venhas,
Não nasças neste Natal!
Os homens não Te merecem
Comportam-se muito mal.


JOSÉ AMARAL V. N. de Gaia


Publicado n' O DESTAK 18 de Dezembro 2008


1 comentário:

José Ramos disse...

Ode à Paz

Pela
verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego, dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz,
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa
passar a Vida!

Natália Correia


Poema do coração

Eu queria que o Amor estivesse realmente no coração,
e também a Bondade,
e a Sinceridade,
e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração.
Então poderia dizer-vos:
"Meus amados irmãos,
falo-vos do coração",
ou então:
"com o coração nas mãos".

Mas o meu coração é como o dos compêndios.
Tem duas válvulas (a tricúspida e a mitral)
e os seus compartimentos (duas aurículas e dois ventrículos).
O sangue ao circular contrai-os e distende-os
segundo a obrigação das leis dos movimentos.

Por vezes acontece
ver-se um homem, sem querer, com os lábios apertados,
e uma lâmina baça e agreste, que endurece
a luz dos olhos em bisel cortados.
Parece então que o coração estremece.
Mas não.
Sabe-se, e muito bem, com fundamento prático,
que esse vento que sopra e ateia os incêndios,
é coisa do simpático.
Vem tudo nos compêndios.

Então, meninos!
Vamos à lição!
Em quantas partes se divide o coração?

António Gedeão

Um muito bem-haja