Encarceraram o tempo em desconhecido calendário.
Percorreu assim minutos, horas, dias, meses e anos...
Sem aptidão de prever o futuro, o sufoco era diário;
Talvez um mero suicídio seja o menor dos danos.
ZÉ ERNESTO V. N. de Gaia
- Publicado n' O DESTAK 4 de Novembro 2008
2 comentários:
Adolfo Casais Monteiro
Madrugada
Ah! Este poema das madrugadas,
que há tanto tempo enrodilhado
num sem-fim de estados de alma
me obcecava, tirânico,
sem se deixar fixar! ...
Madrugada... e esta solidão crescendo,
esta nostalgia maior, e maior, e maior,
de não se sabe o quê
— nunca se sabe o quê...
que haverá nestas horas sozinhas e geladas,
para assim trazer à tona as indefinidas mágoas,
as saudades e as ânsias sem motivo
— de que não sabemos o motivo?...
Vieram as saudades do tempo de menino
— ou dum paraíso lá não sei onde?
Ah! que fantasmas pesaram sobre os ombros,
que sombras desceram sobre os olhos,
que tristeza maior fez maior o silêncio?
A que vem esse calor distante e absorto,
esse calar, esses modos distraídos?
Meu pobre sonhador! a esta hora
porventura se desvenda a Suprema Inutilidade?
e a definitiva ilusão de tantos gestos?
Interroga, interroga...
vai sonhando,
sem que saibas sequer o caminho que segues
vai, distraído e pensativo,
alheio de hoje,
vivendo já o derradeiro segundo...
Que a madrugada tem o pungir das agonias,
mas alheio, como o fim dum pesadelo...
Muito bem-haja
PORTUGAL 2008
Olá querido Zé Ernesto, belíssimo poema... Osmeus sinceros parabéns!... Beijinhos de carinho,
Fernandinha
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